29 de jun. de 2012

Brasil é o país que possui maior concentração de corante possivelmente cancerígeno na Coca-Cola, diz estudo

Substância é encontrada no corante caramelo, usado na bebida.


A Coca-Cola comercializada no Brasil contém a maior concentração do 4-metil-imidazol (4-MI), subproduto presente no corante Caramelo IV, substância classificada como possivelmente cancerígena. O resultado é de um teste do Centro para Ciência de Interesse Público (CSPI, na sigla em inglês), divulgado no dia 26/07, em Washington D.C., EUA. 

A quantidade encontrada nas latinhas brasileiras está abaixo do limite determinado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas é a mais elevada entre os países analisados. O Quênia ficou em segundo lugar, com 177 mcg de 4-MI por 355 ml, seguido por Canadá (160 mcg), Emirados Árabes Unidos (155 mcg), México (147 mcg), Reino Unido (145 mcg), Estados Unidos (144 mcg), Japão (72 mcg) e China (56 mcg).

Um estudo feito pelo Programa Nacional de Toxicologia do Governo dos Estados Unidos já havia apontado efeitos carcinogênicos do 4-MI em ratos, e fez com que a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês), vinculada à Organização Mundial da Saúde, incluísse o 4-MI na lista de substâncias possivelmente cancerígenas.

Em março, o CSPI fez o mesmo alerta para a substância em latinhas de refrigerante encontradas na Califórnia. Depois disso, a Coca-cola alterou sua fórmula e a taxa de 4-Mi local caiu para 4 mcg por 355 ml. O governo da Califórnia estipulou a necessidade de uma advertência nos alimentos que contiverem mais que 29 mcg da substância. Além dessa quantidade diária, o risco de câncer seria maior do que 1 caso em 100 mil pessoas. 

No mesmo mês, após a divulgação dos resultados, a Revista do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) publicou um levantamento de refrigerantes e energéticos que possuem o corante Caramelo IV em sua fórmula. Diante dos estudos que apontaram para o perigo desse aditivo, o instituto questionou se as empresas parariam de utilizá-lo e encaminhou carta à Anvisa questionando-a sobre a periculosidade do Caramelo IV e sua associação com o câncer.

Apesar de, no Brasil, o refrigerante possuir uma dose nove vezes superior ao limite diário de 4-MI estabelecido pelo governo da Califórnia, a  Coca-Cola do Brasil  informou que não vai alterar sua fórmula mundialmente conhecida. "Mudanças no processo de fabricação de qualquer um dos ingredientes, como o corante caramelo, não tem potencial para modificar a cor ou o sabor da bebida. Ao longo dos anos já implementamos outras mudanças no processo de fabricação de ingredientes, no entanto, sem alterar nossa fórmula secreta", informou a empresa, via nota.

Para o Idec, o levantamento constatou que a regulação brasileira sobre o tema é falha e que os fabricantes de refrigerantes e bebidas energéticas não estão dispostos a informar ao consumidor a quantidade da substância tóxica em seus produtos.

“Acreditamos que uma postura preventiva deve ser adotada, já que é a saúde dos consumidores que está em jogo”, ressalta, Mariana Ferraz, advogada e responsável pelo levantamento do Idec. Por essas razões, o instituto provocará as autoridades brasileiras para que revejam a legislação atual e prevejam medidas para reduzir os riscos do consumidor. Os limites atuais para a quantidade de Caramelo IV nos alimentos, estabelecidos pelo Comitê Conjunto FAO/OMS de Especialistas em Aditivos Alimentares (JECFA, na sigla em inglês), são baseados em estudos da década de 1980. Além disso, aqueles estudos foram gerados pela Associação Internacional de Informação Técnica do Caramelo (ITCA, na sigla em inglês).

Com a divulgação desses novos dados, há a expectativa de que os limites e a legislação atuais, tanto internacional como nacional, sejam alterados.

Toxicologista explica efeito
Em março, o toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (Ceatox), explicou ao G1 que a substância se mostrou tóxica para ratos e camundongos na concentração de 360 mg/kg, que é pouco menos que o dobro do limite legal no Brasil.

O especialista explicou que o órgão mais exposto ao câncer nesses animais foi o pulmão. O fígado também ficou sujeito a diversas alterações, incluindo câncer. Além disso, foram registradas mudanças neurológicas, como convulsões e excitabilidade.

Fontes:
Redenutri - Rede de Nutrição do Sistema Único de Saúde
G1

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