13 de jul. de 2012

Conselho Federal de Nutricionistas divulga posicionamento sobre alimentos transgênicos e produzidos com agrotóxicos

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) com o objetivo de orientar os profissionais nutricionistas, possuindo especial atenção para assuntos polêmicos, divulgou no final de abril uma posição a respeito de alimentos transgênicos e o uso de agrotóxicos da produção de alimentos.

O documento defende a aplicação do princípio da precaução na análise  das sementes geneticamente modificadas; o rigoroso monitoramento desses alimentos após a comercialização, para possibilitar o seu rastreamento e o estabelecimento de causa e efeito no caso de danos à saúde da população; e, a fiscalização da rotulagem desses produtos e seus derivados, conforme estabelecido na legislação em vigor.

O CFN se dirige aos nutricionistas, "profissionais de saúde cujas preocupações tendem a se centrar na qualidade dos alimentos e em suas implicações para a saúde humana e ambiental",  recomendando que estes "se abstenham de usar esses alimentos e pordutos transgênicos ou seus derivados, até que estudos independentes e conclusivos garantam a sua inocuidade" e "mantenham uma postura crítica e fundamentada sobre os reais benefícios dos alimentos transgênicos para a população, em detrimento de outras formas de produção orgânica e agroecológica, que respeitem a cultura alimentar brasileira".

A entidade também divulgou a decisão de passar a integrar a "Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida".

Veja o documento aqui ou na página do CFN na internet.

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Cultivar, cozinhar e consumir


O Projeto “Construção de uma estratégia de intervenção em nível local para a promoção do consumo de frutas e hortaliças (FH)” (2007-2010) foi coordenado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, com a participação e o apoio de diversas instituições como as secretarias municipais de Saúde e Educação, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), a Fundação Xuxa Meneghel, a Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa (AS-PTA), a Universidade Federal Fluminense (UFF), o Centro Universitário Bennett, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ), a Associação de Nutrição do Estado do Rio de Janeiro (ANERJ) e o Conselho Regional de Nutricionistas-4ª Região (CRN-4).

O principal objetivo do projeto foi desenvolver instrumentos para promoção do consumo de FH com os seguintes públicos-alvo: unidades de educação infantil, escolas, empresas, pontos de venda de FH e famílias assistidas pela Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários de Saúde em três comunidades da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro; sendo desenvolvido em três etapas: diagnóstico inicial, intervenção e avaliação.

A intervenção incluiu diferentes atividades, desde cursos de formação básica sobre nutrição, culinária, cultivo e comunicação direcionados para agentes comunitários de saúde, professores, recreadores e manipuladores de alimentos, até a participação na organização de feiras de saúde nas comunidades, envolvendo os diferentes atores locais. Foi criada uma logomarca (que ilustra este post) a fim de facilitar a comunicação visual do projeto, com o seguinte tema: "Cultivar, cozinhar, consumir: ponha mais frutas, legumes e verduras na sua vida". Esta logo foi aplicada em todos os materiais de informação e divulgação elaborados e distribuídos para o público-alvo, como banners, livretos com dicas de atividades sobre o tema, folder com dicas para alimentação saudável, ímã com passos de higienização de FH e filipetas sobre frutas, legumes e verduras, incluindo receitas.

Essas filipetas também contém informações sobre características da fruta ou hortaliça, suas propriedades nutricionais e orientações para compra e preparo. Abaixo está a lista de todas as filipetas da série. Basta clicar no nome da fruta/hortaliça ou da preparação para abrir o arquivo com o material.

Bom proveito!

Abacate | Guacamole

Abacaxi | Abacaxi assado com hortelã

Abóbora | Nhoque de abóbora

Abobrinha | Pizza com massa de abobrinha

Agrião | Suco de agrião, laranja e maçã

Berinjela | Berinjela prática

Beterraba | Sopa de beterraba

Couve | Caldo verde saudável

Espinafre | Sopa de espinafre

Mamão | Espumone especial

Manga | Geleia de manga sem açúcar

Repolho | Charuto de repolho

5 de jul. de 2012

Relator afirma necessidade de regulamentação da publicidade dirigida ao público infantil


Especialistas, autoridades, pais e mães debateram na Câmara dos Deputados, na última terça-feira (03/07), o Projeto de Lei 5921/01, que pretende proibir a publicidade destinada a vender produtos infantis. O projeto aguarda parecer do relator e, caso aprovado, seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça.

Uma das participantes do movimento de mães por uma "Infância Livre do Consumismo", a publicitária Tais Vinha, explicou que o objetivo do grupo é a promoção do debate sobre a publicidade infantil. "Tem que haver um comprometimento maior com a proteção da infância. Visto que a responsabilidade pela educação infantil não cabe só aos pais, inclui também o poder público e toda a sociedade", afirmou.

A porta-voz do coletivo defendeu o projeto por considerar que a publicidade deve ser dirigida aos adultos e destacou os efeitos provocados pela publicidade, como obesidade infantil, sedentarismo, aumento do consumismo, além da distorção de valores, que muitas vezes, competem em desigualdade com o discurso sedutor da publicidade.

Ineficácia da autorregulamentação

Taís criticou a atuação do Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar) por não atender às denúncias a tempo, conforme o exemplo citado por ela. "Eles diziam no merchandising: foi descoberto o segredo de beleza da Barbie. Como é que se diz para uma criança que uma boneca de plástico tem segredo de beleza? Esse é o ideal de beleza que estamos fazendo uma criança acreditar? Esse ideal não existe, é plástico. Isso, na minha consideração, é propaganda enganosa. Fiz essa denúncia ao Conar em 2010, até hoje não tive retorno. Eles sequer acataram minha denúncia. O que a gente sente é que os pais não têm a quem recorrer. A gente quer participar, mas a gente queria que a coisa fosse rápida. O que adianta tirar (o comercial do ar) dois, três meses depois que a mensagem já atingiu milhões de crianças?"

A advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e conselheira do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Mariana Ferraz, considera que ao ser analisado o "contexto de consumidores formado por crianças, podemos identificar que elas são hipervulneráveis com relação aos outros consumidores. Isso é o que caracteriza a publicidade abusiva, o que se torna ainda mais preocupante".

Para Ekaterine Karageorgiadis, do Instituto Alana, é necessário modificar o texto original do projeto para que a proibição seja para a publicidade direcionada às crianças e não aos produtos infantis. "A publicidade de produtos infantis pode existir desde que direcionada aos pais", explicou.

Recentemente o Instituto Alana lançou na intenet um manifesto (www.publicidadeinfantilnão.org.br) que aponta as principais consequências da publicidade para as crianças: obesidade infantil, erotização precoce, estresse familiar, conflito entre o a ideia de "ter" e "ser" e alcoolismo. "As crianças não diferenciam a publicidade da programação, elas não têm discernimento e não sabem que podem optar por comprar ou não", acrescentou Ekaterine.

Interferência do Estado

Para o presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), Synésio Batista, a publicidade infantil é fundamental. Na opinião dele, toda criança tem o direito de ter brinquedo, e a publicidade ajuda a aumentar a produção, despertando o interesse e deixando a criança informada. "Não se oferece um produto dizendo o que ele não tem", afirmou.

Synésio criticou a interferência do Estado nesse tema. "Esse projeto de lei não tem consenso. O Estado não pode desligar a Internet ou proibir a viagem de crianças ao exterior. Vai acabar criando um sistema de castas, onde há aqueles com informação e aqueles sem", disse. O presidente da Abrinq destacou ainda que são as mães que compram 70% dos brinquedos no Brasil. "A mãe sabe muito bem o que está fazendo. Eu prefiro confiar na mãe do que na ação do Estado para regular o que a família deve fazer. Eu prefiro o respeito a família brasileira".

Apesar de convidado, o Conar não compareceu à audiência pública. Foi representado pelo vice-presidente da Associação Brasileira de Anunciantes, Rafael Sampaio. Contrário à proibição da publicidade infantil, o dirigente defendeu a autorregulamentação como o melhor caminho para coibir abusos.

Relator se posiciona

O relator do projeto, na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática, deputado Salvador Zimbaldi (PDT-SP), apresentará em agosto seu parecer. O texto já foi alterado nas comissões de Defesa do Consumidor e de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio.

Após a audiência pública, Zimbaldi afirmou que uma lei sobre publicidade infantil é necessária porque o Conar não tem sido eficaz. "Nós vamos tentar buscar o melhor para população e particularmente para as crianças. Hoje, estamos convivendo com a população infantil obesa, por conta do consumismo, do sedentarismo. O que queremos, na verdade, é buscar um meio termo para que a propaganda não venha a ser restrita, mas, por outro lado, também não haja um incentivo, um estímulo absurdo ao consumo, conforme estamos vivenciando hoje."

Fontes:
Agência Câmara de Notícias
Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

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2 de jul. de 2012

Crescimento adequado é apenas um dos fatores que indica boa nutrição

Seu filho é forte, mas será que ele é bem nutrido? De acordo com a nutricionista Jorginete Damião, do Instituto de Nutrição Annes Dias, no Rio de Janeiro, já não temos problemas graves de desnutrição no Brasil, como havia há 30 anos, mesmo assim devemos ficar atentos.

"Altura e peso adequados para a idade são parâmetros importantes a considerar, mas eles devem estar associados a outros fatores, como alimentação saudável, suficiência de micronutrientes e bom desenvolvimento cognitivo. O momento crucial da alimentação infantil é o aleitamento. A criança que mama no peito tem menos chance de ter baixo peso ou sobrepeso. Até seis meses de idade, recomenda-se o aleitamento materno exclusivo, ou seja, não é preciso dar água, chá ou suco para os bebês. Depois dos seis meses, deve-se continuar o aleitamento e começar a introduzir outros alimentos. Infelizmente, sabemos que muitas mulheres não conseguem amamentar por muito tempo, porém, quanto mais cedo forem introduzidos outros alimentos, maiores são as chances das crianças adoecerem”, explica a nutricionista.

Veja a matéria na íntegra, na página do Globo Educação.

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Excesso de açúcar industrializado é prejudicial à saúde das crianças

Levante a mão quem não gosta de um docinho. A maioria das pessoas não resiste ao açúcar, principalmente as crianças, seduzidas por tantas ofertas de balas, sorvetes, chocolates e refrigerantes. De acordo com Jorginete Damião, nutricionista do Instituto de Nutrição Annes Dias, no Rio de Janeiro, esse gosto pelo açúcar é cultural, pois desde a infância ele nos é apresentado como algo bom, mas seu consumo exagerado traz riscos à saúde.

“Não faz mal comer um doce, uma sobremesa, o problema é o excesso e o tipo de doce consumido. Hoje em dia é difícil escapar dos produtos industrializados, mas podemos tentar fazer escolhas mais saudáveis e comer um doce caseiro, feito com frutas. O chocolate e o sorvete não só têm muito açúcar, como também gorduras que não são saudáveis, por isso não é bom comer todo dia. Os pais devem ficar atentos para não oferecer o doce como recompensa para o bom comportamento das crianças ou tirar o doce para puni-las, essa não é uma boa prática", explica.

Dados divulgados em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), obtidos durante a Avaliação Nutricional da Disponibilidade Domiciliar de Alimentos no Brasil, parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, mostram que o brasileiro está consumindo açúcar em níveis superiores ao considerado aceitável, que é 10% de toda a ingestão calórica em um dia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os anos de 2003 e 2009, os açúcares se mantiveram em 17% da dieta diária em todo o país e em todas as classes de renda. Além disso, as gorduras, principalmente os ácidos graxos saturados, ganharam mais espaço na nossa mesa. No mesmo período o consumo de lipídios (gorduras) aumentou de 27,8% para 28,7%. Já as frutas e as hortaliças ainda são pouco consumidas e representam 2,01% e 0,80% das calorias ingeridas pela população, respectivamente. Já se sabe que o consumo de açúcar e gordura pouco saudáveis está diretamente relacionado a problemas graves como obesidade e diabetes, mas, mesmo assim, a propaganda maciça de produtos industrializados com essas substâncias não diminui, fato condenado pelos especialistas.

“Defendo a regulamentação da propaganda e a proibição da prática de associar alimento a brinquedo, porque, dessa forma, a criança vai querer o chocolate ou lanche por conta do carrinho ou do boneco. Ela não tem mecanismos de proteção contra ações como essas, logo, cabe à família e ao Governo cuidar da saúde dos pequenos”, ressalta a nutricionista.

Veja a matéria na íntegra, na página do Globo Educação.